IN VINU VERITAS
Os vinhos do Novo Mundo (Iª Parte)
Foram os californianos, no início da década de 70, que descobriram que a indústria do desejo que é a publicidade seria chamada para converter-se na arma principal para conquistar o mercado, até então dominado pelos vinhos do velho mundo, principalmente da França, particularmente de regiões como (Chablis, Bordéus ou Borgonha, Champagne, por exemplo).
Outro elemento do establshiment era que qualquer francês bem informado saberia naturalmente que um Bordéus tinto era elaborado com Cabernet Sauvignon e Merlot, mas pouca gente fora daquele quadrante falava nestas variedades de uva nem de outras, como por exemplo a Chardonnay, cujas combinações ela sobrevalorizados na degustação.
Os monocasta foram uma invenção dos norte-americanos para diferenciarem os seus vinhos e chamarem a atenção do mundo. Foram também eles que apelidaram o conceito de Novo Mundo, para não se parecerem com os velhos “caciques” do vinho. Mas mesmo aqui, sempre os californianos ocuparam um lugar de relevo na industria do vinho norte-americano, então emergente.
Avalizados pelo impulso de uma nova enologia, que privilegiou os sabores e aromas da uva em detrimento dos terrosos e minerais dos solos de origem, lideraram o avanço em bloco dos países do hemisfério sul como a Austrália, a Nova Zelândia, a África do Sul, o Chile e a Argentina. Com eles, a batalha para conquistar o gosto do consumidor converteu-se no principal esforço do “marketing”.
O Novo Mundo virou de pernas para o ar tudo o que se conhecia até então: novas formas de embalagem, novos tipos de vedantes, novos perfis de gargalos das garrafas, rótulos transparentes e autocolantes, novas iconografias, apresentações sem cápsulas, etc. E assim conseguiram revolucionar a imagem do vinho, que historicamente estava ligada à rígida e conservadora tradição francesa.
Estas propostas contribuíram para gerar um novo mercado de consumidores menores de 40 anos e, a partir desta altura, nada voltou a ser como dantes. Durante muito tempo, a própria indústria encarregara-se de espantar os seus potenciais novos clientes. Os jornalistas, as imagens e toda a mensagem que rodeavam o vinho só afastavam as pessoas: “para beber vinho tem que ser um entendido”, era o que se dizia. Mas algo mudou quando este radical discurso foi esquecido. A indústria do vinho tenta entender, como nunca o fez antes, que é necessário recorrer aos códigos das cervejas, dos refrigerantes, da música, da moda. Por que é que a Nike ou a Coca-cola são gigantes indestrutíveis? Simples: entenderam que o poder consiste em proporcionar sonhos às pessoas. Esta é a mudança mais revolucionária que está a produzir-se no negócio do vinho. Mudou o motivo por que se bebe o vinho, que deixou de ter uma função e passou a ser moda. O vinho que hoje bebemos é uma declaração de um estilo de vida. Tal como na roupa ou nos carros, a marca reflecte a personalidade e os atributos de quem a elege com tendências que variam até em função das estações. Isso explica o boom dos rosés e sparklings, o renascimento do “Sr. Mateus”, a força nas vendas dos champagnes meio-secos, contra os tintos mais rústicos.
Por Adebayo Vunge com Revista Wine
SUGESTÃO DA SEMANA
Pomares Tinto 2008
No Decanter World Wine Awards 2010, este vinho da Quinta Nova de N. S. Carmo, foi distinguido com uma medalha de prata que acrescenta à óptima pontuação (90 pontos) que Jamie Goode já tinha atribuído em prova na Wineanorak. Este lote Pomares da colheita 2008, com uma presença forte das castas Tinta Roriz e Touriga Franca e com ligeiro toque de Touriga Nacional, estagiou parcialmente em barricas de carvalho francês e americano durante seis meses, apresentando carácter frutado e sedutor, reforçando assim o seu bom posicionamento nas vertentes imagem/qualidade/preço.
Kumala
Para confirmar o que acima dissemos em relação aos vinhos do Novo Mundo trazemos este vinho sul-africano com um design bastante cuidado e chamativo. Na boca, é cheio e vigoroso, revelando um grande corpo. Apesar disso, não deixa de ser macio e agradável
Os vinhos do Novo Mundo (Iª Parte)
Foram os californianos, no início da década de 70, que descobriram que a indústria do desejo que é a publicidade seria chamada para converter-se na arma principal para conquistar o mercado, até então dominado pelos vinhos do velho mundo, principalmente da França, particularmente de regiões como (Chablis, Bordéus ou Borgonha, Champagne, por exemplo).
Outro elemento do establshiment era que qualquer francês bem informado saberia naturalmente que um Bordéus tinto era elaborado com Cabernet Sauvignon e Merlot, mas pouca gente fora daquele quadrante falava nestas variedades de uva nem de outras, como por exemplo a Chardonnay, cujas combinações ela sobrevalorizados na degustação.
Os monocasta foram uma invenção dos norte-americanos para diferenciarem os seus vinhos e chamarem a atenção do mundo. Foram também eles que apelidaram o conceito de Novo Mundo, para não se parecerem com os velhos “caciques” do vinho. Mas mesmo aqui, sempre os californianos ocuparam um lugar de relevo na industria do vinho norte-americano, então emergente.
Avalizados pelo impulso de uma nova enologia, que privilegiou os sabores e aromas da uva em detrimento dos terrosos e minerais dos solos de origem, lideraram o avanço em bloco dos países do hemisfério sul como a Austrália, a Nova Zelândia, a África do Sul, o Chile e a Argentina. Com eles, a batalha para conquistar o gosto do consumidor converteu-se no principal esforço do “marketing”.
O Novo Mundo virou de pernas para o ar tudo o que se conhecia até então: novas formas de embalagem, novos tipos de vedantes, novos perfis de gargalos das garrafas, rótulos transparentes e autocolantes, novas iconografias, apresentações sem cápsulas, etc. E assim conseguiram revolucionar a imagem do vinho, que historicamente estava ligada à rígida e conservadora tradição francesa.
Estas propostas contribuíram para gerar um novo mercado de consumidores menores de 40 anos e, a partir desta altura, nada voltou a ser como dantes. Durante muito tempo, a própria indústria encarregara-se de espantar os seus potenciais novos clientes. Os jornalistas, as imagens e toda a mensagem que rodeavam o vinho só afastavam as pessoas: “para beber vinho tem que ser um entendido”, era o que se dizia. Mas algo mudou quando este radical discurso foi esquecido. A indústria do vinho tenta entender, como nunca o fez antes, que é necessário recorrer aos códigos das cervejas, dos refrigerantes, da música, da moda. Por que é que a Nike ou a Coca-cola são gigantes indestrutíveis? Simples: entenderam que o poder consiste em proporcionar sonhos às pessoas. Esta é a mudança mais revolucionária que está a produzir-se no negócio do vinho. Mudou o motivo por que se bebe o vinho, que deixou de ter uma função e passou a ser moda. O vinho que hoje bebemos é uma declaração de um estilo de vida. Tal como na roupa ou nos carros, a marca reflecte a personalidade e os atributos de quem a elege com tendências que variam até em função das estações. Isso explica o boom dos rosés e sparklings, o renascimento do “Sr. Mateus”, a força nas vendas dos champagnes meio-secos, contra os tintos mais rústicos.
Por Adebayo Vunge com Revista Wine
SUGESTÃO DA SEMANA
Pomares Tinto 2008
No Decanter World Wine Awards 2010, este vinho da Quinta Nova de N. S. Carmo, foi distinguido com uma medalha de prata que acrescenta à óptima pontuação (90 pontos) que Jamie Goode já tinha atribuído em prova na Wineanorak. Este lote Pomares da colheita 2008, com uma presença forte das castas Tinta Roriz e Touriga Franca e com ligeiro toque de Touriga Nacional, estagiou parcialmente em barricas de carvalho francês e americano durante seis meses, apresentando carácter frutado e sedutor, reforçando assim o seu bom posicionamento nas vertentes imagem/qualidade/preço.
Kumala
Para confirmar o que acima dissemos em relação aos vinhos do Novo Mundo trazemos este vinho sul-africano com um design bastante cuidado e chamativo. Na boca, é cheio e vigoroso, revelando um grande corpo. Apesar disso, não deixa de ser macio e agradável
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