Angop – uma fonte de informação indispensável sobre Angola

É inquestionável que o crescimento económico alicerçado ao fomento da iniciativa empresarial privada, com suporte infraestrutural do Estado, como temos visto em crescente notoriedade na nossa realidade tem o condão de potenciar a necessidade e uma procura maior pela informação de cariz jornalístico.

A informação jornalística, séria, rigorosa e objectiva é um dos eixos principais do Estado democrático de direito que traz à baila entre outros aspectos a liberdade de imprensa (na vertente do direito a informação e do dever de informar) e o pluralismo informativo (ligado a ideia de diversidade informativa, variedade de fontes e referências ideológicas dispares).

Não é, entretanto, menos verdade que Angola ainda se encontra a experimentar uma transição de uma sociedade onde os seus cidadãos migram da infopobreza para a inforiqueza pela abundância de informação que têm disponível. Aqui, entretanto, o conceito de informação se reduz àquela jornalística, embora esta seja o seu esteio segundo a visão da Unesco sobre esta matéria e ao conceito de agências enquanto grossistas de informação.

É nesta sociedade em transição que emergem vários órgãos de comunicação social e onde alguns se assumem como primordiais. É este o caso da Angop. Quem passa pelas redações, e no meu caso por experiência profissional em jornais, televisão e revistas, uma das grandes fontes de informação é mesmo a Angop, embora muitos tenham dificuldades em o admitir ou citar, conformando claros atropelos aos direitos autorais.

A Angop é até aqui a nossa única agência de notícias estando especializada na cobertura nacional e internacional de factos de interesse jornalístico, geralmente disponíveis através do seu portal aberto ao público na internet. É aqui que residem duas ferramentas diferenciadoras do serviço prestado pela Angop:

Primeiro tem a ver com o facto de ter correspondentes espalhados por vários municípios do país e através deles passamos a saber sobre esta realidade que nos é distante pela geografia deste nosso imenso território.

Em segundo lugar, e ao contrário do que é a tendência mundial – uma visita aos portais da Agência France Press, da Lusa entre outros atesta isso mesmo – o facto do seu portal estar aberto ao público, sem qualquer constrangimento faz com que a sua informação circule com maior naturalidade, numa fase em que, como assinalamos ab initio, não abundam ainda informações sobre o nosso País.

Mais naturalmente, para nós angolanos, quando não é a lógica das empresas jornalísticas que buscam nos despachos informativos da agência uma forma de tapar buracos, fechar edições, buscar dicas e subsídios, quando nos encontramos no estrangeiro sentimos e valirizamos muito mais o trabalho desenvolvido pelos seus profissionais. É isso que vivemos, a título pessoal, e é isso que nos reportam aqueles que se encontram fora do nosso solo pátrio.

Há uma clara evolução tecnológica ao serviço dos media com a internet como o seu epicentro. No entanto, e não acreditamos que isso seja novidade para a superestrutura desta empresa, pelo contrário, cremos que é esta lógica subjacente aos contratos rubricados pelo seu Conselho de Administração recentemente indigitado superiormente, há a necessidade clara da introdução de novas plataformas tecnológicas (multimédia) e serviços diferenciadores com base na lógica de negócio voltada para o mercado existente e potencial – jornalístico, financeiro, industrial, das comodities de produção local entre outros.

Desde logo referimo-nos ao aumento da sua rede de correspondentes internacionais e/ou enviados especiais tendo em vista a melhor adequação ideológica do noticiário internacional geralmente “copiado” de outras matizes, mas eivados de uma visão de mundo dos seus autores.

Por outro lado, a introdução de serviços como o de televisão e de fotografia, apesar do elevado custo do investimento para este efeito... para além do alargamento da sua base comercial, prestando serviços a entidades nacionais (públicas e privadas) e estrangeiras no mercado internacional.

Acredito portanto que o futuro das agências de notícias está na capacidade de cada uma em suprir, com dinamismo e agilidade, as necessidades informativas dos diferentes mercados/comunidades com o uso das mais avançadas TIC´s (Tecnologias da Informação e Comunicação). Tudo isso numa lógica de rentabilidade (ou será melhor falarmos apenas em sustentabilidade?) económica e financeira, mas nunca perdendo de vista que a informação é um bem público na verdadeira acepção desta palavra.

Por tudo o que tem sido feito, apesar dos parcos recursos, do rebrodo esforço e dos urgentes desafios termino com uma palavra de apreço aos funcionários da Angop: muitos êxitos!

ADEBAYO VUNGE

Londres, 30 de Outubro de 2010

Comentários