Novos desafios


Muito recentemente foram nomeados os novos – ou melhor – os primeiros Conselhos de Administração das empresas públicas de comunicação social em Angola. Não se pode dizer que esta seja uma realidade nova. Já a New Media Angola, empresa que detém o Novo Jornal, é uma sociedade anónima e como tal possui um Conselho de Administração.

Embora esteja fisicamente distanciado da realidade em concreto, não posso estar indiferente a esta realidade e acredito mesmo que muita gente terá respirado de alívio. É que as comissões de gestão da RNA e TPA há muito se mostravam caducas e com pouca viabilidade operacional, ao mesmo tempos que as direcções da Angop e das Edições Novembro viviam do suspanse de saber qual seria o seu destino.

Agora está tudo clarificado. Toda a gente já sabe o que lhe coube.

Haverá ainda assim num processo desta natureza, vozes discordantes com um outro nome. Isso não retira mérito – na óptica de quem os nomeia – e não deslegitima que os critique ou venha a criticar.

O que é necessário, entretanto, é deixarmos as pessoas trabalharem, mas mais importante ainda é darmos condições para que eles e os seus trabalhem. E não falta trabalho, a luz daquilo que têm sido as intervenções da líder do pelouro, a ministra Carolina Cerqueira. Esta jurista e jornalista (ou o contrário se a ordem importar), tem deixado claro que é necessário um sério saneamento às contas destas empresas que devem deixar a lógica de serem meros servedouros do erário público sobretudo em termos de despesa corrente.

Se elas abraçarem a lógica dos serviços que podem prestar – e aqui não é o facto de serem públicas que elas não agem com os principios económicos e os ditames do mercado – então podemos ter melhor resultado. O que entretanto, contradizirá esta lógica é o peso da sua carga salarial e a quantidade dos seus activos (prefiro falar de pessoal e não tanto de recursos humanos porque nestas empresas há não só gente a mais, como muita gente que não produz).

Aqui, fruto do facto de ser melindroso, despedir pessoal em Angola, então será necessário um melindroso plano de gestão e requalificação do pessoal de forma que as pessoas possam ser reenquadradas em função das suas competências e habilitações. Se não há coragem para pedir, não deve entretanto faltà-la para requalificar as pessoas e em alguns casos movimentar mesmo de Luanda para outras províncias.
Em matéria de investimento, terá de haver um gigantesco esforço na formação ou aperfeiçoamento profissional das pessoas em Angola e fora de Angola, obedecendo uma lógica racional dos gastos e dos melhores resultados. Mas, sem dúvidas que o esforço maior deve ser direccionado para o investimento em meios técnicos, para o melhor apetrechamento dos vários órgãos, levando em consideração as plataformas em que estas operam. Estou a pensar que a televisão deverá sair do sistema analógico para o digital e por que não começar-se a pensar no HD (alta definição).

Se a este nível há aspectos rapidamente mensuráveis, o mesmo não se poderá dizer em relação ao que admite maior subjectivação. Estou a falar concretamente dos conteúdos. Não há dúvidas que teremos de melhorar os conteúdos que são difindidos nos vários meios de comunicação públicos, apostando na divulgação de informação, cultura, conhecimento e lazer no lugar do nivelamento por baixo.

ADEBAYO VUNGE

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