Novamente o desafio da População Mundial
Thomas Robert Malthus (1766-1834) acreditava que as desgraças sofridas pelo povo nos idos do século XIX eram devidas ao próprio povo, em virtude de seus vícios e de sua desprevenção. Criou, inclusive, uma doutrina económica e social apresentada no Ensaio Sobre a População (1798), cuja base era a desproporcionalidade de crescimento que se verificava entre os meios de subsistência e o crescimento das populações. Baseado em suas observações do desenvolvimento da América do Norte inglesa, verificou que havia uma tendência de a população crescer segundo uma progressão geométrica, enquanto os meios de subsistência eram incrementados segundo uma progressão aritmética. O desequilíbrio assim determinado, segundo Malthus, acabaria provocando a fome, os vícios e a indigência, que terminariam por dizimar a população completamente.
O determinismo malthusiano não foi completamente abandonado e tem ainda hoje, apesar de bastante controverso, acérrimos defensores que se apoiam na comparação entre as realidades do terceiro mundo e as do ocidente.
O que é facto entretanto é que em duas décadas a humanidade cresceu cerca de 2 biliões de pessoas. Em um século a população mundial cresceu 400%, saindo de 1,7 bilião em 1900 para 6,1 biliões em 2000. Esta espiral do crescimento demográfico levanta sérios desafios aos Estados principalmente em relação à alimentação e a habitação condignas das suas populações.
Tal como mostram os números abaixo, a expectativa dos demógrafos e economistas é a de que haja uma arrefecimento dos níveis de crescimento nos próximos anos. Esta evidência é apoiada na queda da taxa de fertilidade por mulher que saiu de 4.8 filhos em 1965 para 2.6 em 2005.
Embora este crescimento seja maior por “culpa” dos países asiáticos, especialistas das Nações Unidas sobre esta matéria acreditam mesmo que a explosão demográfica actual, e que suscita grande preocupação, está a acontecer na África Subsahariana, região onde os níveis de desenvolvimento económico e social, urbanização e estabilidade são das mais deterioradas no mundo.
Por outro lado, assinala Nicholas Eberstadt, num texto intitulado «O Futuro Demográfico», que será sempre necessário fazer-se um exercicio de racionalidade e análise que tem em vista a questão do crescimento populacional como condicionante ou não do bem-estar e do progresso económico.
Segundo este especialista em assuntos ligados à Ásia, a China, por exemplo, tem o problema de até 2030 ter um envelhecimento da sua população numa média anual de 3,7% por ano, o que eleverá a sua população idosa de 115 milhões hoje para 240 milhões, levantando questões como a necessidade de um sistema nacional público de pensões de reforma, até aqui inexistente.
Há ainda outros desafios como aqueles ligados ao fenómeno da imigração, sobretudo em alguns países do leste europeu, com destaque para a Rússia que registou, em paralelo ao fenómeno da saída de muitos jovens em idade de trabalho, uma queda abrupta na natalidade e uma redução da sua população de 148 milhões em 1993 para 141 milhões hoje. Contrariamente à Rússia, os Estados Unidos passarão de 310 milhões para 374 milhões de habitantes em 2030, provocado pelo aumento das taxas de fecundidade e das ondas de imigrantes provenientes da América Latina, partes da Ásia e África Subsahariana.
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