Vitória de Paulo Flores no top dos mais queridos


Há pelo menos três anos que venho defendendo em alguns círculos de amigos, e nalguns poucos escritos, a legitimidade de uma vitória do músico Paulo Flores no concurso "Top dos Mais Queridos", promovido pela RNA.
A justiça desta inquestionável vitória, que mais uma vez se assume como inevitável, reside no sucesso que tem feito com os seus sembas nas nossas paradas e baladas. Na experimentação de outros ritmos, na fusão e na busca de tendências. Sem dúvidas quer as suas músicas, quer as participações que fez nas músicas e CDs de outros músicos revelaram-se muito bem sucedidas - veja o que sucedeu com Yola Semedo, Puto Português e Yuri da Cunha - sem qualquer demérito para a qualidade destes, por sinal, aqueles dois primeiros seus adversários na conquista da presente edição do prémio.
Fora esta questão, a grande validade das músicas do Paulo Flores e a razão porque defendo a sua vitória reside no facto das suas músicas transmitirem ou estarem eivadas de uma angolanidade profunda nos temas que aborda, como nos conteúdos das mensagens tenham elas um cariz social ou até político. há claramente uma exaltação da angolanidade até mesmo naquelas mensagens rigoramente políticas.
Se é verdade que Paulo Flores notabilizou-se, a dada altura, como um dos seguidores de Bonga, podemos hoje assumir que detém um espaço próprio, definiu um estilo e uma personalidade inigualável, a tal ponto que tem já os seus seguidores - com Hélvio a ser o mais flagrante exemplo disso. Pela inovação, pela qualidade estética, pelo sentido autocrítico, pela busca e entronização do nosso passado musical, Paulo Flores é, nos tempos que correm, um dos poucos músicos com um lugar no nosso panteão musical.
Espero que os votos coincidam com o interesse dos organizadores e que ele se sagre realmente o vencedor, sob pena de termos um top muito coincidente com os Oscar da Academia Cinematográfica de Hollywood cujas galardoações são geralmente extemporâneas e completamente fora da época.
O Paulo Flores está com tudo, e que esta seja a sua Boda.
Adebayo Vunge

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