Hoje, 31 de Outubro, a ONU estima que o mundo assinala a cifra dos 7 biliões de habitantes. É muita gente. Ainda não atingimos a saturação, mas é altura de começarmos a pensar mais no planeta, a sustentabilidade dos seus recursos. Se é crível que pensemos no geral, como será a realidade concreta de Angola onde o IBEPE, salvo erro, fala em 16 milhões de habitantes.
Em Janeiro deste ano, dada a pertinência e actualidade, escrevi, num artigo para o Novo Jornal sobre o ano novo, o texto que se segue:
Novamente o desafio da população mundial
Thomas Robert Malthus (1766-1834) acreditava que as desgraças sofridas pelo povo nos idos do século XIX eram devidas ao próprio povo, em virtude de seus vícios e de sua desprevenção. Criou, inclusive, uma doutrina económica e social apresentada no Ensaio Sobre a População (1798), cuja base era a desproporcionalidade de crescimento que se verificava entre os meios de subsistência e o crescimento das populações. Baseado em suas observações do desenvolvimento da América do Norte inglesa, verificou que havia uma tendência de a população crescer segundo uma progressão geométrica, enquanto os meios de subsistência eram incrementados segundo uma progressão aritmética. O desequilíbrio assim determinado, segundo Malthus, acabaria provocando a fome, os vícios e a indigência, que terminariam por dizimar a população completamente.
O determinismo malthusiano não foi completamente abandonado e tem ainda hoje, apesar de bastante controverso, acérrimos defensores que se apoiam na comparação entre as realidades do terceiro mundo e as do ocidente.
O que é facto entretanto é que em duas décadas a humanidade cresceu cerca de 2 biliões de pessoas. Em um século a população mundial cresceu 400%, saindo de 1,7 bilião em 1900 para 6,1 biliões em 2000. Esta espiral do crescimento demográfico levanta sérios desafios aos Estados principalmente em relação à alimentação e a habitação condignas das suas populações.
Tal como mostram os números abaixo, a expectativa dos demógrafos e economistas é a de que haja uma arrefecimento dos níveis de crescimento nos próximos anos. Esta evidência é apoiada na queda da taxa de fertilidade por mulher que saiu de 4.8 filhos em 1965 para 2.6 em 2005.
Embora este crescimento seja maior por “culpa” dos países asiáticos, especialistas das Nações Unidas sobre esta matéria acreditam mesmo que a explosão demográfica actual, e que suscita grande preocupação, está a acontecer na África Subsahariana, região onde os níveis de desenvolvimento económico e social, urbanização e estabilidade são das mais deterioradas no mundo.
Por outro lado, assinala Nicholas Eberstadt, num texto intitulado «O Futuro Demográfico», que será sempre necessário fazer-se um exercicio de racionalidade e análise que tem em vista a questão do crescimento populacional como condicionante ou não do bem-estar e do progresso económico.
Segundo este especialista em assuntos ligados à Ásia, a China, por exemplo, tem o problema de até 2030 ter um envelhecimento da sua população numa média anual de 3,7% por ano, o que eleverá a sua população idosa de 115 milhões hoje para 240 milhões, levantando questões como a necessidade de um sistema nacional público de pensões de reforma, até aqui inexistente.
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