Com o
objectivo de esclarecer a comunidade angolana residente em França bem como a
opinião pública local, a Embaixada de Angola em França organizou nesta
sexta-feira, em Paris, uma conferência internacional sobre “Os desafios da paz
e Unidade Nacional em Angola”.
Na ocasião, o
Embaixador Miguel da Costa enfatizou as mudanças que o país registou ao longo
deste período graças ao Plano de reconstrução Nacional. “Não nos esqueçamos que
em 2002, no momento da assinatura dos acordos de paz, o nosso país estava
totalmente devastado por mais de 27 anos de uma guerra violenta que levou a
vida de cerca de um milhão de nossos compatriotas. Hoje, 12 anos mais tarde,
podemos constactar mudanças qualitativas e quantitativas. Todas as vilas,
cidades e capitais de províncias destruídas durante a guerra, apresentam hoje
uma configuração completamente diferente”.
Segundo o chefe
da missão diplomática do Estado angolano em França, as diferentes medidas no
âmbito político e macroeconómico conferem um outro posicionamento do nosso país
no continente africano. “As medidas macroeconómicas permitiram relançar a
actividade económica e social do nosso país. Angola conhece um período de
crescimento económico extraordinário e é agora o terceiro país a sul do Sahara,
depois da África do sul e da Nigéria, em termos do PIB” e hoje é já a quinta
maior potência do continente.
O Adido
Militar da Embaixada de Angola em França, José Catumbela, dissertou sobre o
alcance da paz e fim do conflito em Angola. Ao longo da sua intervenção, o
também coronel das Forças Armadas Angolanas fez uma breve síntese sobre o
percurso da paz entre Fevereiro e Abril tendo destacado que “o
memorando de Luena não constituía um novo acordo de paz, assinalava apenas a
continuação do Protocolo de Lusaka, substituindo os seus anexos militares. Com
a assinatura deste Memorando, estavam então criadas as condições para a
cessação do, “tão”, longo conflito armado”.
Segundo o coronel que é quadro da força
aérea nacional, depois dos acordos de paz a 4 de Abril de 2002, houve uma
sequência de ações positivas que indiciavam a perpetuidade da nossa paz: “Não
foram registadas violações ao cessar-fogo; A comissão Mista formada depois do
protocolo de Lusaka fora ressuscitada; A ONU levantara as sanções contra a
UNITA; A UNITA reunificou-se, a facção renovada fora dissolvida”.
Ao longo da sua intervenção, o adido
militar referiu-se igualmente ao facto das Forças Armadas constituírem um
verdadeiro paradigma da unidade nacional pois “elas são compostas por todas as etnias que compõem o tecido
sociocultural angolano. Nas FAA não existe regionalismo nem partidarismo, isto
permite que cada soldado defenda Angola de Cabinda ao Cunene”.
Angola é hoje um peacemaker e peacekeeper
Por seu turno, o
especialista em relações Internacionais Luvualu de Carvalho fez um
enquadramento sobre o posicionamento internacional de Angola, tendo-se
concentrado na candidatura de Angola como membro não permanente ao Conselho de
Segurança das Nações Unidas para o biénio 2015-2016.
“A Politica Externa gizada
pelo Presidente José Eduardo dos Santos permite que hoje Angola esteja cada vez
mais a sedimentar a sua posição como o principal “Peace-Maker fazedor de paz e
Peace-Keeper guardião da paz” do continente africano”.
Do seu ponto de vista,
“Angola tornou-se numa placa giratória para a resolução de conflitos no
continente africano e o Palácio Presidencial da Cidade Alta tem servido de sala
de audiências para muitos Chefes de Estado e dignatários africanos que
pretendem colher a experiência angolana para resolver os seus problemas
internos. Os exemplos mais recentes são os das crises na República Democrática
do Congo, República Centro Africana, Sudão do Sul, Madagáscar, Guiné-Bissau,
Mali entre outros países que solicitaram uma intervenção directa de Angola para
a resolução dos seus problemas e na maior parte dos casos tiveram um sucesso
visível”, realçou.
Nesta senda, notou, a
candidatura angolana começou já a merecer o voto de confiança de alguns países.
“Na última Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana realizada
em Janeiro deste ano na sede da União Africana em Addis Abeba capital da
Etiópia, Angola recebeu o apoio da União Africana para a sua candidatura e no
ano passado também já tivera recebido o apoio dos países da CPLP e outros
países amigos, esclareceu.
António Luvualu de Carvalho
considera que existem muitos desafios para o mandato de Angola. “Ao ser eleita
para este mandato, Angola terá muitos desafios em função da nova realidade mundial
muito dinamizada pelo novo paradigma das Relações Internacionais nascido do
golpe de Estado na Ucrânia e com o referendo pró Federação Russa e das
anunciadas sanções a Moscovo ou mesmo se não pelos vários conflitos que lavram
no continente africano desde a RCA passando pelos Grandes Lagos ou até mesmo
pelas feridas mal saradas da fracassada primavera Árabe. Neste sentido, os
desafios de Angola serão agora mais dinâmicos mas o espirito de missão,
capacidade e vontade de vencer as adversidades deste mundo cada vez mais
confuso e incerto serão as mesmas”, defendeu.
A conferência internacional
sobre Os desafios da paz e Unidade Nacional decorreu em Paris e contou com a
presença de diplomatas acreditados em Paris com destaque para os Embaixadores
da SADC, nomeadamente da Africa do Sul, Moçambique, Namibia e Tânzania, para
além de membros da comunidade de angolanos residentes em França, estudantes e
outros interessados. Foi moderadora, a historiadora angolana Maria Conceição
Legot.
Diplomatas Louvam o papel do PR
O Embaixador de Angola em
França destacou o papel do Presidente da República na pacificação de Angola e
dos demais países das regiões onde Angola se encontra inserido. “Gostaria de
salientar aqui o papel e o compromisso do Presidente da República, Engenheiro
José Eduardo dos Santos, que soube não só inspirar, implementar e consolidar a
paz em Angola como em toda a região, quando se fala do fim do apartheid na
África do sul, da independência da Namíbia, e da estabilidade do Congo e da RDC
assim como em toda a região dos grandes lagos. Graças a ele, o nosso país
encontrou o seu lugar no concerto das Nações”.
Na mesma
senda, o Adido militar, considerou que não se pode falar de paz em Angola sem
olhar para o papel do Presidente José Eduardo dos Santos. “Falar de paz
em Angola não pode ser feito sem ressaltar o destacado papel do Presidente José
Eduardo dos Santos, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, que
sabiamente dirigiu os destinos de Angola rumo a PAZ, e se mantém firme na
condução do processo Democrático, de Desenvolvimento e Progresso Social do
país”, argumentou.
Televisões francesas abordam a paz em Angola
O assunto da paz em Angola
continua a despertar a atenção de vários meios de comunicação social em França.
Desta vez, foi a cadeia France 24 e África 24, a quem o Embaixador de Angola em
França concedeu separadamente entrevistas em directo.
A reconstrução nacional, o
balanço dos 12 anos da paz, o boom económico, a consolidação do processo
democrático entre outros foram alguns dos tópicos que mereceram questionamentos
e prontamente respondidos pelo diplomata angolano, que destacou a vontade dos
angolanos em acabar com guerra que durou perto de 30 anos.
Na ocasião, o caso de Angola
mereceu destaque por ser um exemplo de sucesso em África, num dia onde a agenda
recaia para os incidentes na República Centro-Africana e a retirada das tropas
do Tchad.
Miguel da Costa referiu-se
ainda ao apoio de Angola e ao engajamento pessoal do Presidente José Eduardo
dos Santos para a estabilização da região dos grandes lagos.
Por: Adebayo Vunge
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