Grande Museu-centro cultural de Luanda: Sobre a proposta de Sindika Dokolo

Desde os meus tempos de meninice, sempre tive uma grande admiração pela arquitectura, pelas grandes obras de engenharia que apreciava principalmente pela televisão, filmes e revistas.

De lá até conhecer os grandes nomes da arquitectura e da engenharia mundial - Gaudi, Niemayer, Gahry, Calatrava e outros - foi um passo, embora não o suficiente para concretizar o pequeno sonho de um dia ser arquitecto. Optei pelo jornalismo. Troquei o desenho pelas palavras.

As grandes obras de engenharia, os grandes projectos arquitectónicos estão muito ligados aos aeroportos e estações centrais dos caminhos de ferro, espaços desportivos, museus e centros culturais. São fontes de revitalização das cidades, do urbanismo e do modelo de vida e de organização de determinados espaços. É assim na África do sul, em Espanha onde o Museu Guggenheim promoveu uma mudança grande e em pouco tempo se tornou uma das maiores referências mundiais, em França onde o mais recente caso é o do Museu da Fundação Louis Vuitton no meio de um bosque ou ainda na Ásia onde assistimos uma verdadeira revolução (A zona olímpica de Beijing ou a revolução urbanística de Shangai e Singapura).

Museum Guggenheim, em Bilbau (Espanha)

Museu do Louvre, em Paris (França)

Museu do Design em Sheng-Zhen (China)

Dei-me comigo, por estes dias a reflectir sobre Luanda. As suas obras arquitectónicas emblemáticas (quais?) ou talvez a necessidade delas. Fiquei ainda mais na expectativa quando li uma entrevista do coleccionador de artes Sindika Dokolo, a propósito da sua homenagem recentemente no Porto (Portugal), manifestou interesse em edificar um "grande" museu em Luanda. Um museu activo e dinâmico. A cidade precisa e certamente estaríamos todos gratos. 

Luanda precisa de um novo elan, algo que se torne um chamariz, uma verdadeira referência em termos culturais, em volta da qual gravite a vida cultural e até comercial da cidade ou partes dela. Na perspectiva de redinamização da cidade, se esta obra for fora do centro, do périmetro da Marginal de Luanda, tanto melhor. Para a cidade que se encontra aglutinada ali e que precisa de valorizar autras zonas, criar novas fronteiras, novas centralidade e quanto mais fora dali, melhor para todos nós.

Fico, por isso, a imaginar um grande monumento na zona do Benfica, a beira-mar, exactamente para redimensionar a cidade, permitindo-nos respirar e ignorar as malambas. Abrir novos espaços, novas perspectivas, novos olhares. Fomentar a criatividade e alimentar a nossa imaginação num espaço que combina o paisagismo e o urbanismo, com grandes salas de espectáculo, espaço para mostras de arte, restaurantes e galerias para comércio. 

Afinal, criar um novo centro que atraia nacionais e estrangeiros pela sua beleza e dinamismo cultural inerente. Uma obra de arquitectura emblemática, pôs-moderna que nos faça olhar o mundo, mas ao mesmo tempo renascer a nossa africanidade. Meu caro Sindika Dokolo, esta seria, da sua parte, uma MUI GRATA homenagem para Luanda, cidade da Kianda. Meu caro Dokolo, felicito-o pelo repto.

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