As "Startups"


Adebayo Vunge |*
Um problema é um desafio. A história do capitalismo desde o século XIX e XX está repleta de exemplos que confirmam esta premissa – a necessidade aguça o engenho. Os grandes homens como Vanderbilt, Rockfeller, Ford, JP Morgan, ou Bill Gates e Steve Jobs não criaram apenas empresas, não inovaram apenas, eles transformaram o mundo, com projectos empresariais que se mostraram verdadeiramente disruptivos.
Este avanço é de tal forma galvanizador que as empresas de tecnologia estão actualmente no comando da humanidade, tornando os dados no novo petróleo e a inovação tecnológica o pulmão da economia mundial, que procura satisfazer as necessidades dos sete mil milhões de habitantes do planeta. 

É óbvio que são poucas as empresas que se podem colocar no patamar dos GAFA (Google, Apple, Facebook e Amazon) ou dos NATU (Netflix, Airbnb, Tesla e Uber) enquanto startups que verdadeiramente revolucionaram os modelos de sociedade, sectores e a própria economia. Estes empreendimentos de inovação não mudaram apenas a teconolgia, mas tiveram um impacto substancial na organização da sociedade e do estilo de vida. Vejamos, por exemplo, a revolução da Uber na mobilidade urbana ou a Amazon na distribuição.
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O que aqueles homens fizeram foi apenas resolver um problema, implementar uma ideia, inovar, empreender, deixar de pensar dentro de uma caixa, assumir um risco e não ceder ao medo do medo. Hoje, existem no mundo múltiplos casos de starups, conceito que traduz o empreendedorismo, inovação tecnológica e alta lucratividade.
Muitas pessoas dizem que qualquer pequena empresa, na sua fase inicial, pode ser considerada uma startup. Outros, com os quais estou de acordo, defendem que uma startup é uma empresa com custos de manutenção muito baixos, prestando um serviço ou produto repetível, mas que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores, trabalhando em condições de extrema incerteza social, política, económica e até tecnológica. 

Porquê?

Porque, segundo Steve Blank, escritor, conferencista e empreendedor em IT, num cenário de incerteza não há como afirmar se aquela ideia e projeto de empresa irão realmente dar certo – ou ao menos se confirmamos a sua sustentabilidade. 
Apesar da sua correlação ao digital, as startups não são necessariamente empresas de internet. Elas só são mais frequentes na Internet porque é mais barato criar uma empresa de software do que uma de agronegócio ou biotecnologia, por exemplo, e a web torna a expansão do negócio bem mais fácil, rápida e barata – além da venda ser repetível. É também verdade, que um ambiente financeiro saudável é propício ao surgimento em escala de projectos de empreendedorismo. O que seria do Alibaba se não tivesse um fundo de investimento que apostasse na ousadia e irreverência do projecto de Jack Ma?

Mas tal como dizia atrás, sem serem casos de absoluto sucesso, estão a proliferar startups em todo o mundo procurando resolver problemas locais. No caso africano, chamo atenção para dois exemplos no sector da saúde. 

Na Etiópia, há notícias de um aplicativo móvel que salva recém-nascidos com vídeos educacionais e conselhos prestados às parteiras por telefone, o que reduziu a mortalidade infantil em 40%.

No Ruanda, com o RapidSMS, a mortalidade infantil caiu de 47 para 31 por 1.000 nascimentos. Esta aplicação de telemedicina, que permite o compartilhamento de dados entre os agentes comunitários, salvou a vida de 590.000 bebés entre 2009 e 2015, de acordo com um Contagem estabelecida em 2016 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Observando o rápido crescimento da taxa de penetração do telemóvel, mesmo nas colinas mais remotas, o Ministério da Saúde decidiu experimentar a telemedicina, com o objetivo de reduzir a mortalidade O objetivo era capacitar os trabalhadores comunitários recrutados nas aldeias para informar por SMS todos os casos de gravidez de alto risco para os hospitais mais próximos.

Mas um dos casos de startup com maior sucesso em África é o M-Pesa, um sistema de transferência de dinheiro, de origem queniana e usado por quase 30 milhões de pessoas. M-Pesa (M de mobile, móvel em inglês; pesa de dinheiro, em suaíli) é um serviço bancário, de bancarização, que foi criado pela filial da Vodafone no Quénia, a Safaricom, em 2007. Desde então tem vindo a crescer exponencialmente e hoje está disponível em outros países e continentes como Albânia, República Democrática do Congo, Egipto, Gana, Índia, Quénia, Lesoto, Moçambique, Roménia e Tanzânia.
M-Pesa também reduz significativamente os riscos potenciais de roubo de rua, roubo e pequena corrupção dentro de economias baseadas em dinheiro, onde apenas uma pequena proporção da população se beneficia do acesso a serviços financeiros convencionais.

Num contexto como o nosso, é importante que façamos a promoção desta solução. Não temos, quero acreditar que ainda, uma Sillicon Valley, mas os projectos de inovação vao-se multiplicando e carecendo de suporte. Há algum tempo, o fenómeno começa a ganhar expressão na nossa economia e por isso temos vindo a apreciar também o nascimento de algumas startups em Angola. Posso referir aqui três casos que me parecem singulares: Tupuca, Platina Line e Appy Saúde. Um no ramo de distribuição e restauração com entregas a partir de um aplicativo, o segundo no sector da mídia digital e do entretenimento e o terceiro ao nível da saúde.
No fundo, aqui como em muitas outras áreas da nossa vida, o busílis da questão é o mesmo: A educação. Como diz o neurocientista António Damásio “educar massivamente as pessoas”, para a inovação e o conhecimento, ainda mais na era pós-moderna.

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